Lauro da Escóssia casou-se duas vezes a primeira delas com Dolora Azevedo do Couto Escóssia com quem teve 8 filhos, após a morte dela casou com Lourdes Alves da Escóssia adotandos seus filhos, com ela se manteve casado até a sua morte em 19 de julho de 1988. “Lauro foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, foi meu amigo, companheiro e marido. Tanto é que após a sua morte nunca mais casei. Em nossa vida nunca houve cansaço nem de minha parte nem da dele. Em minha mente está sempre a impressão de que ele está viajando, quando isso acontece sinto muita paz”, conta sua esposa Lourdes Escóssia.
Segundo seus familiares Lauro da Escóssia era dono de um temperamento muito explosivo. “Lauro trazia no sangue o arrebatamento e a impetuosidade de seu avô, Jeremias. Panfletário e sem medo herdou tantos traços de identificação, revelados nas suas ações e reações, por vezes bruscas, senão violentas, que sempre reclamam conduta irredutível, coragem e espírito de deliberação”, assim foi descrito pelo ex-prefeito de Mossoró Raimundo Nonato em depoimento para o livro ‘Escóssia’ de autoria do jornalista Cid Augusto.
Apesar do temperamento forte Lauro da Escóssia era um homem
que não guardava rancores. “Papai estourava, mas dali a dois minutos já estava
bonzinho”, revelou sua filha Margarida Escóssia.
A sua relação com os filhos era muita aberta e pautada pelo
carinho. “Papai era um homem à frente de seu tempo absorvia muito bem as
mudanças e era muito atencioso com todos nós, a única ressalva que ele tinha
com a gente era quando a gente ia para a churrascaria O Sujeito (onde hoje se
localiza o clube Carcará), como ele nunca podia ir e mamãe sempre ia conosco
ele dizia brincando que a gente seria levado pelo rio e parar em Porto Franco
(atual Grossos)”, conta Margarida.
Essa boa relação com os filhos se repetiu com os seus netos
também, a recíproca por parte dos netos era verdadeira tanto que todos eles lhe
chamavam de Vôzinho. “Me recordo como se fosse hoje das conversas do meu avô,
ele era um homem muito centrado em si, pensava um pouco pra falar, mas suas
palavras eram sempre sábias, tinha o poder de nos dar segurança quando era
abordado sobre qualquer assunto. Lauro da Escóssia não foi só um grande
jornalista, ele foi também um grande avô e sempre encontrava hora para nós, por
isso todos nós netos chamavam ele de Vôzinho”, afirma Daniele da Escóssia.
Apesar de fazer história em Mossoró Lauro da Escóssia era um
homem de hábitos simples. “A falta de vaidade de Papai era tão grande que ele
fazia questão de ter apenas um par de sapatos. O prato preferido dele era bolo
de leite, diabético, ele pagava para a empregada comprar o bolo escondido da gente”,
conta Margarida da Escóssia.
Lauro não fazia distinção entre seus amigos tanto podia ser
amigo dos mais ilustres como dos mais simples. A prova disso é que duas de suas
grandes amizades foram o ex-governador Dix-sept Rosado (falecido em 1951) e o
pedreiro Francisco Constantino o ‘Chico Boseira’. “A amizade de papai com
Dix-sept era desde os tempos de prefeitura, quando ele foi secretário, a
fidelidade era tamanha que um dia o ex-governador pouco antes de falecer pediu
para papai guardar um bilhete em segredo o que ele fez até o final da vida. Já
com Chico era uma amizade muito divertida, eles conversavam e se davam muito
bem, ele brincava muito com Chico chamando ele de poliglota porque ele fazia de
um tudo era pedreiro, encanador e eletricista”, revela Margarida.
‘Chico Boseira’, ainda está vivo e relembra a sua relação com
o amigo. “Quando lembro do meu amigo, vem duas coisas a minha memória: a
primeira era que ele dizia que eu era seu filho mais velho e a segunda eram as
nossas conversas sempre descontraídas ele sempre pedia para eu contar anedotas
e fazer cantigas populares. Até o meu apelido quem colocou foi Lauro, antes me
chamavam de ‘Chico Roseira’ porque todos jardins que plantava davam certo, uma vez
ele pediu para eu fazer um para um na sua casa e as plantas morreram e ficou
tudo sujo aí ele mudou o meu apelido”, diz.
O seu grande prazer nas horas de descanso era ir ao Sítio
Senegal, localizado em Alagoinha, que levava esse nome por ser muito seco. Lá
ele ia tomar conta das cabras e galinhas que criava.
Nos últimos dias de sua vida, Lauro da Escóssia esteve muito
doente, mas não perdia o bom humor. “Ele sempre estava de bom humor
independente das doenças das doenças que lhe atingiam”, conta a viúva Lourdes
Escóssia.
FONTE – BRUNO BARRETO
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